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Com “um biquini e um sonho”, Aimée Castro fez a sua estreia no palco do Mr. Petrópolis 2025 e saiu de lá com o segundo lugar na categoria Bikini. A conquista, no entanto, vai além de um troféu: em uma cidade onde praticamente não há técnicos especializados em fisiculturismo feminino, a trirriense treinou com um profissional do Rio de Janeiro, e mostrou disciplina e determinação para enfrentar os desafios da preparação, dieta e ansiedade pré-competição. Mais do que um pódio, sua estreia representa o início de um novo capítulo para as mulheres do esporte em Três Rios.
Início da trajetória
Aimée começou sua trajetória em 2021, quando venceu um sorteio de três meses de consultoria grátis de seu coach, Gilberto Bruno. Na época, ele trabalhava apenas com atletas homens e buscava expandir seu trabalho para o público feminino.
Em entrevista exclusiva à Rádio FM 107, Aimée Castro afirmou que quando começou a treinar, seu objetivo era perder a gordura que fica em baixo do glúteo, popularmente conhecida como “bananinha”, e secar ao máximo o seu abdômen.
O que começou como uma experiência, acabou se tornando uma parceria duradoura. No início de 2025, quando a fisiculturista já não conseguia arcar com os custos da consultoria, o coach reconheceu seu potencial e fez uma proposta: continuaria acompanhando-a gratuitamente até que ela subisse ao palco pela primeira vez. Foi então que Aimée decidiu se inscrever no Mr. Petrópolis, um dos campeonatos mais prestigiados do fisiculturismo regional, organizado pela Federação Brasileira de Fisiculturismo (BRAFF).
Com o seu acompanhamento e rotina mais intensa de treinos, a atleta começou a se aproximar de verdade do universo do fisiculturismo. Foi nesse processo que ela descobriu uma paixão inesperada pelo esporte — sentimento que, segundo ela, mudou completamente sua relação com a academia: “Peguei gosto pela academia e pelo resultado que meu corpo estava dando. Aí comecei a assistir os campeonatos e me encantei. Vi que era um esporte que eu queria fazer parte” – alegou a esportista.
Preparação pré-campeonato
Faltando poucas semanas para o campeonato, a trirriense entrou na fase mais delicada do processo: o chamado peak week, quando cada grama de comida, cada hora de sono e cada treino eram calculados com precisão. “A semana do campeonato, tanto com alimentação, quanto com sal e água, é uma loucura surreal, porque é tudo muito restrito. Também tem que ter a melhor qualidade do sono”, explica.
Nos dias que antecederam o Mr. Petrópolis, a rotina da fisiculturista se tornou ainda mais controlada. “Uma semana antes da preparação eu tive que mandar fotos e peso todos os dias. No dia do campeonato eu mandei foto de manhã e o peso, fiz a minha primeira refeição, tirei foto novamente e me pesei. Quando me pintei também tirei foto”, detalha.
Mesmo com toda a pressão, ela se manteve firme, embora admitisse as dificuldades. “Controlar a ansiedade e a vontade de comer foi bem difícil, ainda mais por eu amar doce. 100% do meu dia eu focava no treino e na dieta, e tentava me distrair para não pensar em comer”, acrescentou a própria.
Aimée ainda destacou qual foi o seu maior desafio: “O momento mais difícil de toda a minha preparação foi a super-hidratação. Nunca fui muito de beber água, e quando meu coach falou que eu teria que beber 6 litros por dia, eu fiquei bem assustada. E no último dia da super-hidratação, foram 8 litros e por incrível que pareça, no final eu senti falta da água. A falta de carboidratos nos primeiros dias também dificultou bastante, senti tonteira, enjoo, tremedeira…”, complementou.
Mr. Petrópolis
Aimée Castro percebeu que estava prestes a viver algo muito maior do que imaginava. “Eu não fazia ideia da dimensão do evento. Quando cheguei nos bastidores e vi todos os atletas se aquecendo, as meninas se maquiando, comecei a tremer”, lembra. Ao lado da irmã Desirée, que a ajudou a controlar a respiração, ela reuniu coragem e subiu ao palco. “Foi uma mistura de sensações — nervosismo, tremedeira, mas também poder. Vi que era o meu lugar e dei o meu máximo”.
O esforço de meses foi recompensado. “Quando vi os jurados me mantendo na posição central, percebi que tudo tinha valido a pena. Quando anunciaram ‘segundo lugar, Aimée’, foi uma emoção inexplicável. Só gratidão a Deus e a todos que confiaram em mim”, resume.
O Mr. Petrópolis aconteceu no dia 11 de outubro, no Clube Petropolitano. Aimée disputou a categoria Bikini, conhecida por enfatizar físico mais suave e atlético, com ênfase especial na proporção e no tom muscular, sem uma definição muscular excessiva. Além de Aimée, Tiago Rodrigues, João Gabriel de Oliveira e Daniel Estanislau representaram Três Rios na competição.
Fisiculturismo feminino ainda carece de visibilidade e apoio em Três Rios
Mesmo com o bom resultado, a atleta reconhece que ainda há um longo caminho para o fisiculturismo feminino ganhar espaço em Três Rios. “São poucas as pessoas que entendem dessa área no quesito feminino. Eu fui para o campeonato literalmente às cegas — fui com um biquíni e um sonho, sem noção nenhuma de como funcionava”, conta.
Aimée também enfrenta julgamentos comuns às mulheres do esporte. “Quando se fala em fisiculturismo feminino, as pessoas assimilam ao corpo masculinizado. Ouvi várias pessoas falando que vamos ficar parecendo homem ou perder a sensualidade, mas não tem nada a ver. Na categoria feminina, temos que ter muita sensualidade”, explica.
Mais do que competir, Aimée quer abrir caminho para outras atletas e estuda fazer uma pós-graduação em fisiculturismo. “Esse é o suporte que eu quero me aprofundar para ajudar todas as mulheres que querem participar”. – concluiu Aimée Castro à FM 107.
Para seus próximos passos, a trirriense acredita que possa ter novidades para dezembro, quem sabe uma nova competição a aguarda.