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Na manhã desta quinta-feira, dia 20 de novembro, data em que se celebra o Dia da Consciência Negra, o programa “107 É Notícia” recebeu a professora da UFRRJ – TR, antropóloga, doutora em Ciências Sociais e professora visitante da Columbia University, Camila Daniel. Ele esteve presente para falar sobre a importância da cultura negra na região Centro Sul.
Em sua participação, Camila esclareceu que o Dia da Consciência Negra não é a mesma data e muito menos uma celebração do fim da escravidão pela Lei Áurea, celebrada no dia 13 de maio. As duas pautas e datas tem propostas diferentes, uma vez que, a Consciência Negra, no dia 20 de novembro, reflete a conquista da liberdade através da luta de Zumbi dos Palmares.
“São duas datas muito diferentes, né? O 13 de maio é uma data que pretende comemorar a abolição da escravidão, mas, inclusive, o movimento negro discute historicamente a farsa da escravidão […] o 20 de novembro celebra as resistências históricas, tendo como eixo central, Zumbi e o Quilombo dos Palmares”, destaca.
Professora da UFRRJ – TR, Camila Daniel, durante sua participação no “107 É Notícia”.
A professora pontua que a Lei Áurea como foi assinada apenas aboliu a escravidão, mas não se preocupou em reparar os danos à comunidade negra. Ela acabou provocando a marginalização do povo negro. “O que nós tivemos no Brasil foi uma política de incentivo à imigração europeia, de incentivo ao acesso à terra pelos imigrantes europeus. Enquanto os ex-escravizados ficaram à mercê”, esclarece.
Na visão da Camila, celebrar a Consciência Negra também é uma forma de combater o racismo no Brasil. “É muito significativa, porque um dos elementos de resistência e de reconhecer a nossa presença na sociedade brasileira é através da memória. […] Então, muitas das vitórias que a gente tem hoje como comunidade negra, como, por exemplo, as políticas de ações afirmativas, elas são oriundas dessa organização histórica das pessoas negras, e que esses momentos de celebração, eles são momentos também de reavivar essa chama de que nós temos uma coletividade, que pensa num projeto de vida, um projeto de paz, um projeto coletivo que preserva e valoriza as vidas negras”, conclui.
Sobre a cultura negra na região Centro-Sul, Camila diz que é importante reconhecer os grupos de resistência negra na região, que se manifesta através da cultura, da religião, de movimentos para discutir assuntos importantes, entre outros.
“No Centro Sul, nós temos a sorte e a bênção de ter muitos grupos que preservam esses princípios de vida peculiares das comunidades negras, como as escolas de samba, como os grupos de capoeira e nesse ano […] muitos desses grupos estão organizando eventos públicos e eventos abertos […] Aqui nós temos o Quilombo Boa Esperança em Areal, que é uma referência de resistência e de preservação […] Aqui a gente tem vários exemplos, tem uns grupos de capoeira, tem os terreiros de candomblé, então, são várias manifestações culturais diferentes, que tem como princípio, formas de vidas africanas e afro-brasileiras”, destaca.
Convite
O Projeto de Extensão Marli – Memórias Afro e Referências de Liberdade, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Três Rios, é coordenado pela professora Camila Daniel. Nos dias 26 e 27 de novembro será realizado o primeiro seminário do projeto. O objetivo é promover e valorizar a cultura afro-brasileira no centro-sul fluminense.
O evento vai contar com a participação de intelectuais e ativistas de Areal, Três Rios, Sapucaia, Paraíba do Sul e Paty do Alferes.
“Nos dois dias, o [evento será realizado no] mesmo horário de 18h15 às 20h, no auditório do Instituto Três Rios. Esse é um evento aberto ao público totalmente gratuito e todos e todas estão convidados e convidadas. Vai ser uma alegria ter todos vocês lá”, finaliza.
Quem quiser participar, poderá se inscrever no dia do evento, a partir das 18h, no auditório do Instituto Três Rios, localizado no centro.