
Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

O Flamengo completa 130 anos neste sábado (15), com uma paixão que transcende gerações e fronteiras. Uma herança que passa de forma hereditária e que pulsa com força também no interior do estado do Rio de Janeiro. Em Três Rios, Paraíba do Sul, Sapucaia e cidades vizinhas, essa devoção se transforma em movimento: caravanas que cruzam o país, Embaixadas que unem torcedores e Consulados que mantêm viva a chama rubro-negra fora dos gramados.
Para celebrar essa ocasião especial, a FM 107 conversou com os principais representantes do clube carioca na região Sul Fluminense: Caravana Flabus; Urubusão; Embaixada Fla Três Rios, Embaixada Flanáticos e o Consulado Flapucaia.
É nas estradas que essa paixão se mostra mais intensa. Torcedores de diferentes idades e histórias, deixam o conforto de sua casa e entram em um ônibus, todas com um mesmo objetivo: ser a voz que o Flamengo precisa nas arquibancadas, o 12º jogador. Pessoas que encaram horas de viagem e acreditam que quando nada dá certo em campo, é na raça e no grito da torcida que o time vai encontrar forças para vencer.
As caravanas, como a Flabus e a Urubusão, de Três Rios, são retratos disso.
“É o amor pelo Flamengo, somos a maior torcida e a mais apaixonada. A gente vive o Flamengo, largamos emprego e deixamos de viver momentos especiais com a família. Tudo para acompanhar nosso time do coração. Flamengo é tudo na minha vida, e a gente não mede esforços para estar junto e apoiar os 90 minutos. Sempre! ” – comentou Lucas Silva, presidente da Flabus nacionalmente, sobre o que move as excursões aos jogos do Flamengo.
Além disso, existe um componente que ajuda a explicar por que tantos torcedores se organizam para seguir o clube carioca por onde ele for: o ato de viajar também virou parte da experiência Rubro-Negra. Como resume Victor Massi, presidente da Flabus em Três Rios:
“A paixão de ser Flamengo é a maior motivação, mas muitos vão pelo passeio e pelo lazer também”, afirmou.
Para muitos, a caravana vai além do deslocamento até os jogos, é uma forma de viver o Flamengo em sua essência. É na estrada que se reforçam laços, que surgem novas amizades e que a paixão ganha contornos ainda mais profundos. Cada viagem se transforma em um pequeno capítulo da história pessoal de cada torcedor, um movimento que reafirma o pertencimento ao clube.
Outro nome que conhece como poucos a rotina de viajar atrás do Flamengo é Anderson Araújo (popularmente conhecido como Araújo), presidente do Urubusão. Para ele, há outro fator crucial para o acesso dos adeptos aos estádios, que é a questão de proximidade e logística.
“Em Três Rios, Paraíba do Sul e região, tem muitos amantes do futebol. Por isso, o Urubusão chega cedo no estádio e acelera o processo de retorno. O fato da gente estar presente em todos os jogos garante a confiança do torcedor, que sabe que vai conseguir ir a qualquer partida que quiser. Sempre contrato os melhores transportes da cidade, porque isso proporciona bem-estar ao cliente e aquela vontade de voltar novamente. Organização e atenciosidade são elementos-chave” — destaca o presidente, mostrando a importância de seu trabalho.

Muitos flamenguistas acreditam que viajar com um grupo organizado significa não se preocupar com trânsito, estacionamento, horários ou deslocamento. É só embarcar, vestir o manto e deixar que o caminho até o estádio faça parte da festa.
A rotina das caravanas também revela a dimensão desse compromisso. Tanto a Flabus quanto o Urubusão vivem o calendário Rubro-Negro de forma integral, atravessando o ano em ritmo de viagens. Uma média de 40/50 partidas acompanhadas temporada após temporada, desde jogos do Carioca até Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores. Em algumas rodadas, como na última partida, contra o Santos, o movimento é tão grande que mais de cinco ônibus lotados seguiram rumo ao Maracanã, reunindo mais de duzentos torcedores da região. E quando o time cruza fronteiras, eles vão juntos: excursões para Argentina, Uruguai e Paraguai já fazem parte da história dessas caravanas. É ali, no asfalto, entre bandeiras estendidas, quilômetros a percorrer e madrugadas sem dormir, que a paixão ganha forma. E onde o amor pelo Flamengo encontra novas maneiras de se renovar.

Se nas estradas esse amor se expressa em movimento, nas cidades, ganha raízes profundas através das Embaixadas e Consulados espalhados pela região. É o caso da Embaixada Fla Três Rios, presidida também por Araújo. Oficializada em 2017, após a diplomação como Consulado, se consolidou como uma das maiores representações Rubro-Negras, com mais de 200 sócios ativos. O grupo transformou o sentimento pelo Flamengo em presença constante na comunidade. Muito além das arquibancadas, realizam campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos e materiais escolares, além da tradicional distribuição de presentes na Páscoa, que todos os anos alcança centenas de crianças carentes da cidade. O mesmo impulso que leva torcedores a atravessar longas viagens rumo aos jogos, move a Embaixada a estender a mão a quem mais precisa.

Paraíba do Sul segue a mesma essência. O grupo sul-paraibano, Flanáticos, nasceu como torcida organizada e, pelo impacto de suas ações sociais, foi reconhecido oficialmente pelo clube. Primeiro como Consulado e, em pouco mais de um ano, elevado a Embaixada, com direito a homenagem no Maracanã e também no Salão Nobre da Gávea. Hoje, o trabalho continua guiado pelo propósito de servir.
“As ações sociais são a base do projeto, espalhar o bem e ser ativo na comunidade é uma premissa do clube. A nossa Embaixada faz eventos de Páscoa, campanhas do agasalho e do Dia das Crianças, além de parcerias com diversas instituições de caridade. Atualmente contamos com 47 sócios-torcedores, e as novas adesões são feitas pela internet”, explica o presidente da Flanáticos, Lucas Coelho.

Em Sapucaia, o Consulado Flapucaia também reforça esse elo entre clube e comunidade. Para o presidente Juliano Mazza, o grupo nasceu da necessidade de unir uma torcida que já era numerosa na cidade, mas dispersa. Hoje, o Consulado atua como um facilitador, acolhendo e orientando os torcedores. Assim, eles transformam paixão em ação, promovendo grandes campanhas de arrecadação de alimentos.
“O Flamengo nos inspira a ser solidários, a olhar pelo próximo e a usar a força da Nação para gerar impacto positivo. Onde tem Rubro-Negro, tem união e tem solidariedade”, concluiu Juliano Mazza.

E, no fim, seja nas estradas, seja nas ações sociais, o que move todos esses grupos é a mesma essência que o próprio Flamengo descreveu no filme ‘A Magnética Forma de Ser’: o clube que nasce na favela e pulsa em cada canto do país; o Flamengo de Arthur, Zizinho, Domingos da Guia, Arrascaeta e Gabriel Barbosa; o de imperadores e plebeus, de sangue rubro e pele negra; o que carrega o eco da multidão e a herança que atravessa gerações.
Porque, o Flamengo não é apenas um clube.
É a soma de milhões. São todos os torcedores, menos alguns.
É Três Rios, Paraíba do Sul, Sapucaia.
É Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza
É essa magnética forma de ser, há 130 anos!