Professora trirriense, do curso preparatório Ápice, dá dicas de como usar o repertório sociocultural da melhor forma

A contagem regressiva para o Enem 2025 começou. Neste domingo (9), milhares de estudantes em todo o país vão enfrentar o primeiro dia de prova — que inclui a temida redação, uma das partes mais decisivas do exame. E para essa última semana, o ideal é que os candidatos revisem conteúdos, organizem a rotina e, principalmente, se preparem emocionalmente.

Além disso, os estudantes também devem dar atenção especial à redação, parte que tem grande peso na nota final do Enem. Mais do que memorizar fórmulas ou citações, o desafio é mostrar capacidade de refletir, argumentar e construir um texto autoral.

Em Três Rios, a professora de Língua Portuguesa e Redação do curso Ápice (preparatório para o Enem), Marcela Tavares, explica que o segredo está em usar o repertório sociocultural com propósito:
“Um ponto que sempre reforço é o uso do repertório sociocultural de forma pertinente e produtiva. Não adianta apenas citar autores, filmes ou dados soltos — o importante é que essas referências realmente sustentem o ponto de vista e dialoguem com a proposta da redação. Vale usar repertórios de diferentes áreas: literatura, filosofia, atualidades, ciência, obras de arte ou até políticas públicas. Isso mostra ao corretor que o aluno tem repertório diversificado e sabe aplicá-lo de maneira crítica. Mais do que decorar frases prontas, o ideal é entender o tema e relacioná-lo a diferentes perspectivas, o que eleva a nota nas competências 2 e 3 e dá mais autenticidade ao texto. Lembrem-se que este ano a banca estará mais atenta ao repertório de bolso! ”, afirmou a professora.

A estrutura, o repertório, e principalmente, a curiosidade sobre o possível tema da redação são outros pontos que movimenta a reta final. Como o Enem costuma refletir debates contemporâneos, muitos especialistas apostam qual pode ser o grande protagonista deste ano. Como foi o caso da Marcela.

“O meu palpite para este ano é que o tema venha relacionado à questão ambiental, com foco em justiça climática e energética, que tem aparecido com força nas discussões atuais e combina bem com o perfil do exame. Afinal, a COP 30 está acontecendo agora e põe o Brasil no foco da discussão sobre o clima e as consequências do aquecimento global”, destacou.

Marcela também reforça o que fazer no dia da prova.
“Mesmo quem treinou muito pode se sentir ansioso, e isso é normal. O segredo é respirar fundo, ler a proposta com atenção e planejar o texto antes de começar a escrever. Recomendo fazer um pequeno rascunho com a tese, os argumentos principais e os exemplos que serão usados. Assim, o aluno evita repetições e garante que cada parágrafo cumpra um papel na defesa da ideia central. Na revisão final, é importante checar a coerência entre as partes, a clareza das ideias e o respeito às normas da língua. Pequenos ajustes podem fazer uma grande diferença na nota — e demonstram cuidado com o texto e segurança na escrita”, orientou.

Para Marcela Tavares, a redação do Enem é um espaço de reflexão, repertório e equilíbrio, mas o mais importante, é confiar no que foi construído ao longo do ano, sem tentar compensar o tempo perdido. E de acordo com os especialistas, quem consegue mesclar conhecimento com opinião, de forma crítica, clara e original, sai na frente.

Quem também segue a mesma linha de raciocínio é o especialista em literatura Pedro Pacífico, que reforça a respeito do exame valorizar o raciocínio e a coerência de ideias, e não apenas o acúmulo de informações. “O Enem não quer decoreba, ele quer saber como é que o estudante pensa”, destaca.

Pacífico também alerta para a armadilha do excesso de conteúdo na reta final: “Essa enxurrada dá uma falsa sensação de conhecimento” – comenta ele, em entrevista à CNN. A recomendação é focar em menos temas, mas com mais profundidade, permitindo que o aluno consiga refletir e elaborar seus próprios argumentos.

Por fim, vale destacar, para os mais de 60 mil inscritos, de levarem documento original e chegar no local determinado com pelo menos, uma hora de antecedência, já que os portões fecham às 13h em ponto (horário de Brasília). Para conferir onde irá realizar a prova, o estudante deve acessar a Página do Participante, no site do Inep, e ir na aba do Cartão de Confirmação de Inscrição; o documento estará informando o número de inscrição, as datas e horários do exame.

O portão abre 12h e serão dois dias de prova, neste domingo (9), com as disciplinas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação, e no próximo, dia 16, com Matemática e Ciências da Natureza. Não se esqueça de conferir previamente o local onde vai realizar o Enem.